A relação entre propósito, felicidade e trabalho

propósito

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Você já ouviu falar de Tom Rath? Ele é conhecido como o autor de Strengthsfinder 2.0 (Descobridor de pontos fortes 2.0) e por seu trabalho no Instituto Gallup, sobre o engajamento de funcionários, a liderança e o bem estar. Agora, este pesquisador lançou um novo e fascinante livro, “Are You Fully Charged? The 3 Keys to Energizing Your Work and Life” (Você está totalmente carregado? As três chaves para energizar o seu trabalho e a sua vida). Se você o ler, é provável que reavalie a sua vida pessoal, profissional e as suas prioridades e hábitos diários.

Tom Rath é uma pessoa fascinante. Quando ele era um adolescente, recebeu um diagnóstico de uma doença genética rara, que predispõe ao câncer e, em consequência disto, ele perdeu a visão no olho esquerdo. Desde então, ele teve tumores malignos no pâncreas, nos rins, na coluna vertebral e no cérebro e pesquisou exaustivamente maneiras de prolongar a sua vida. Hoje, ele é casado e pai de um casal de filhos.

Rath escreveu que:

Fonte: twitter.com/tomcrath
Fonte: twitter.com/tomcrath

“A busca de propósito, e não de felicidade, é o que faz a vida valer a pena. Apesar de Thomas Jefferson ter incluído a busca da felicidade na Declaração de Independência” dos Estados Unidos, esta é uma meta míope. Colocar o seu próprio bem estar antes de fazer o bem o leva na direção errada. As pessoas que passam a vida buscando felicidade provavelmente não a encontrarão. Assim como buscar fama ou riqueza, buscar apenas a felicidade o guia na direção errada e pode conduzir a más decisões”.

Cientistas ainda estão tentando descobrir por que a busca da felicidade não funciona. Parte da explicação está na natureza desta busca, que é focada em si mesmo. Pesquisas indicam que quanto mais ênfase você colocar na própria felicidade, mais solitário você se sentirá no seu dia a dia. Quando os participantes dos experimentos foram induzidos deliberadamente a valorizar mais a felicidade, através da leitura de um artigo falso exaltando os benefícios da felicidade, eles relataram que se sentiam solitários. E amostras da saliva deles indicaram uma diminuição correspondente dos níveis de progesterona, uma resposta hormonal associada à solidão.

Tom Rath sugere:

Crie propósito para outras pessoas

Felicidade e propósito são coisas diferentes. Embora haja alguma sobreposição entre o significado destas palavras, as diferenças têm claras implicações sobre como as pessoas gastam o tempo delas. Aquelas que buscam felicidade são as que, segundo os psicólogos, são tomadoras. Como notaram Roy Baumeister e sua equipe, depois de estudar extensivamente este assunto, “esse aspecto caracteriza uma vida relativamente vazia, absorvida em si mesma e até egoísta”. Em contraste, a coautora Kathleen Vohs explicou que “as pessoas que vivem uma vida com propósitos desfrutam muito mais da alegria de dar para outros”.

Baumeister destaca que é a busca de propósito, e não da felicidade, que diferencia os seres humanos dos outros animais. Em alguns casos, criar propósitos envolve colocar as necessidades de outra pessoa na frente das suas próprias, o que poderia levar, no curto prazo, a uma diminuição da sua felicidade. Entretanto, quando você faz isto, você faz uma contribuição que melhora o ambiente à sua volta.

A felicidade e o propósito parecem também influenciar de modo diferente a sua saúde psicológica. Barbara Fredrickson, da University of North Carolina, notou que quando os participantes de um estudo estavam felizes, mas não tinham propósitos nas suas vidas, eles exibiam um padrão genético relacionado ao estresse e que, reconhecidamente, ativa respostas inflamatórias (como acontece com as pessoas que lidam com constantes adversidades). No decorrer do tempo, este padrão conduz a inflamação crônica, que tem sido relacionada a doenças cardíacas e a câncer. Segundo esta pesquisadora: “As emoções positivas vazias são tão boas quanto as suas adversidades”.

Infelizmente, 75% dos participantes desta pesquisa caíram nesta categoria; os seus níveis de felicidade ultrapassaram os seus níveis de propósito. Ao contrário, os participantes que tinham propósitos em suas vidas, e que se sentiam felizes ou não, mostraram uma desativação deste padrão genético. Em outras palavras, os seus corpos não agiam como se estivessem sob constante coação ou ameaça.

Participar de atividades que tenham um propósito eleva o seu pensamento acima das suas necessidades momentâneas. Cada minuto que você dedicar a outras pessoas eventualmente conduzirá a laços familiares, organizacionais e comunitários mais fortes.

No final, a felicidade e o sucesso são passageiros, e o que é duradouro é criar propósito para a sua própria vida e para a de outras pessoas.

Numa entrevista, Tom Rath disse que as três chaves para energizar o seu trabalho e a sua vida são propósitos, interações e energia.

Propósitos

propósitoA pesquisa de Rath provou duas coisas que as pessoas supunham há muito tempo, e que elas não necessariamente agiam de acordo com esta suposição. A primeira é que a maneira mais eficaz de criar felicidade para você mesmo é focar em criar felicidade para outras pessoas.

A segunda é que dinheiro não compra felicidade, uma vez que os países mais felizes do mundo não estão entre os mais ricos e que, acima de determinado valor relativamente baixo, a riqueza não tem qualquer efeito estatisticamente comprovado sobre o bem-estar do dia a dia.

Rath sugere focar numa outra pessoa, talvez nos seus filhos, e fazer pequenas coisas, como ler um livro, que os ajude a reconhecer um novo mundo. Isto é contribuir para o desenvolvimento de alguém que você ama. O acúmulo destes momentos faz uma diferença na sua vida.

Eu tenho um casal de filhos e sempre procurei estimula-los a serem independentes. Num determinado momento da minha vida, nós moramos na Inglaterra (eu fui convidado a trabalhar lá por um tempo), o que foi importante para toda a família, pois, além de aproveitar para conhecer e vivenciar uma cultura diferente da nossa, pudemos viajar nas férias e nos feriados por vários países da Europa continental. Toda a minha família se beneficiou disto, não apenas por ter aprendido um novo idioma (o inglês), como também por ter tido a oportunidade de enxergar o mundo com outros olhos. Este fato me enche de satisfação até hoje, e provavelmente o fará até a minha morte.

Interações

Rath diz que a proximidade é muito importante. O seu bem estar é dramaticamente mais influenciado pelas pessoas que você vê todos os dias, pelas que moram na vizinhança, que pelas conexões distantes.

Além disso, você também é influenciado pelas interações que você não tem: amigos dos amigos, ou mesmo amigos dos amigos dos amigos podem ter um impacto mensurável sobre o seu bem estar e sobre a sua saúde. Apenas ser simpático, agradável, ou legal para outras pessoas já é suficiente para melhorar algumas vidas.

Rath destaca que é importante dedicar atenção aos seus filhos e desgrudar das engenhocas atuais como os smartphones e tablets.

Energia

Rath destaca que dormir bem é mais importante que pensar: as pessoas que vão trabalhar depois de quatro horas de sono, mostram o mesmo nível de cognição que alguém que bebeu algumas latas de cerveja, com o inconveniente de não aproveitar a leve embriaguez. Por outro lado, o exercício físico é menos importante do que se pensa: ele sugere levantar da cadeira de trabalho e se mover um pouco umas duas vezes por hora. Isto é importante para os seus níveis de energia e para a sua saúde, ele afirma.

Rath então conclui que o segredo da felicidade é focar nos outros, exceto quando for preciso focar em você mesmo.

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